quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

Deu preto no branco

"Deu branco". Francamente esta é uma das expressões mais erradas que conheço. Usada naqueles momentos em que esquecemos a palavra que queríamos usar, foi difundida sem que realmente fosse questionado o porquê do seu uso.

Vejamos: Branco, em resumo, é a síntese aditiva de todas as cores do espectro. No caso, é bom definir que a palavra "cor" está sendo empregada no sentido de "cor-luz", diferente de "cor-pigmento", usada em tintas.
Mas voltando ao foco, na verdade não queria falar sobre cores, mas sim, sobre o fenômeno, que na minha humilde opinião, deveria chamar-se "deu preto", ou simplesmente "deu vazio". Pois o que se tem não é a pluralidade, e sim, o nada.

E é isso que me deu: vazio. Tinha uma vontade louca de escrever várias coisas sobre vários temas, mas de repente, todas as palavras evaporaram, todas as ideias condensaram, o momento passou e me restaram os nós na garganta e nos punhos.
Ideias e sensações amarradas e sufocadas como um grito preso.
Na mente, um turbilhão de ideias, mas o corpo parece cada dia mais lerdo, mais pesado. Como um beija-flor puxando uma carroça.
É natural uma certa ânsia, uma certa pressa. Mas quando este sentimento perdura, é como se a vida passasse junto aos giros do relógio.
A vida é assim mesmo. Será que é? As maiores revoluções são aquelas que acontecem de dentro para fora. O que falta para a revolução acontecer? O primeiro tiro? A primeira queda? Ou o primeiro vazio?
O vazio é uma linha tênue entre a revolução e a inércia. É o culpado, ou é a própria culpa, ou seria desculpa? Arbitre-se, escolha, e a culpa será toda sua.



domingo, 3 de outubro de 2010

Carta Fúnebre

Funeral. Todos já passaram (ou passarão) por isso, querendo ou não. Sei de pessoas que têm total aversão aos ritos fúnebres, sei de pessoas que são indiferentes a eles. Eu, francamente, prefiro não ter que passar por isso, mas faço questão de comparecer à última despedida. É o momento que temos para repensarmos em nossas atitudes, para contemplar a beleza da vida e da morte, de repensarmos nossos valores. E de revermos familiares. Incrível como eles parecem multiplicar-se a cada episódio funesto.

Eu sou uma observadora incurável. Vejo, escuto, percebo. Nem sempre isso é bom para mim, pois como sempre digo, a ignorância é o que me salva, mas não consigo desconectar do que acontece ao meu redor. Começo pelos jornais. Já notaram a seção de "Obituários" ? Os gaúchos têm um belo modo de "homenagear" entes que partiram. São belos textos contando a vida, a história dos que se foram. Um povo de tantas tradições não poderia ter uma postura mais honrosa. Pena que é uma homenagem tão tardia, afinal, mortos não compram jornais. E somente os vivos mais osciosos lêem tal seção. Enfim, dinheiro gasto em vão.

Cemitérios sim, estes são fascinantes! São lindos, repletos de ornamentos, silenciosos, alguns com vistas privilegiadas de suas cidades. São verdadeiros convites à reflexão ou à ausência desta. E como precisamos de um momento de ausência de pensamentos às vezes... Alguns chegam ao status de ponto turístico. Claro, nem todos são assim - dependem de recursos financeiros para tal, mas boa parte é assim. O contraditório é que se gasta tanto dinheiro com a "última morada" para se receber tão poucas visitas... Visitas que entram em extinção ao passar do tempo... Eu, particularmente, nunca visitei a "última morada" dos meus avôs. Além disso, morto não enxerga a beleza dos cemitérios. Enfim, dinheiro gasto em vão [2].

Parentes. Alguns aparecem só quando precisam de dinheiro, uns ligam uma vez por ano. E outros a gente vê somente uma vez na vida e outras nas mortes alheias. Ainda têm a cara-de-pau de te abraçar e dizer: "Nossa! Como cresceste! Como estás bonita(o)! Temos que marcar alguma coisa..." E a gente só responde: "Aham! Liga qualquer hora..." Não sei qual parte é mais hipócrita. Na hora de pagar a conta do funeral, (quase) todos somem. Sim, sempre se salva uma meia dúzia, não dá para generalizar.

Velório. Este é um rito ao qual obedeço e admiro. Creio na importância dele. Muito mais importante para os que ficam do que para os que vão. É quando nos é concedido o direito de chorar pela saudade, pela dor, pela tristeza, por nós mesmos. Pela pessoa que morreu deveríamos chorar de inveja, afinal, morte é apenas uma passagem, seja lá para onde for. Pro paraíso, pro inferno ou pro nada, tanto faz. O que importa é a liberdade conquistada.

E como já disse anteriormente, é o momento da contemplação. Sêneca reflete sabiamente sobre a morte humana quando escreve que "qualquer tempo que já passou pertence à morte". Cada momento que adiamos na vida, se transforma em morte, e somente enxergamos isto quando nos deparamos com a morte do corpo alheio. E, diante de um corpo sem vida, vemos a morte lenta dos nossos dias. Por que precisamos ver a extinção da vida de outrem para percebermos a nossa própria fragilidade?

Reflita sobre a vida e a morte. O que é a vida senão a morte das horas? O que é a rotina senão a morte dos sonhos? Não espere mais um funeral para perceber que a única coisa que lhe pertence é o agora. O próximo funeral pode ser o seu. Frase forte? Pesada? Desculpe, mas só sei ser intensa. Talvez minhas palavras soem um pouco sombrias, mas se há sombra, há luz. Tudo tem dois lados.

Acredito nas palavras de Epicuro: "ninguém sai da vida tal como entrou". Se isto vai ser bom ou ruim, só depende de cada um. Permita-se morrer e renascer enquanto há tempo. Não se preocupe em ter uma vida longa, mas sim em viver bem. A riqueza deve estar mais em nossos atos do que em nossos bolsos. A sabedoria é o caminho para a felicidade. "Passa bem"!






sábado, 11 de setembro de 2010

Convite ao pensamento

Política. Não precisa dizer nada além dessa palavra para você ver rostos contorcidos e olhares de desprezo. Isso não soa estranho? No mínimo, uma controvérsia cultural, pois nada dá mais audiência do que a vida dos outros e, sendo a política o instrumento da manipulação da vida coletiva, falar sobre política não seria uma forma de fuxicar a vida alheia?!

Pense comigo: no trabalho, num "papo de café", sempre rola aquele assunto do tipo "... no setor X não é assim..", "..no meu setor é diferente..", "...o gerente de lá é assim, o nosso, assado...". Essa situação é comum, corriqueira, e faz a audiência da chamada "Rádio Peão" bater recordes. Mas por que não falarmos sobre política como falamos da vida que não nos pertence?

Pense (mais uma vez!) comigo: ao invés de comparação entre setores, faríamos comparações entre cidades, estados, países... Imagine: "...na cidade X tem atendimento médico de qualidade, aqui poderia ser como lá...", "...no estado Y tem um programa de educação bacana, poderia ser implementado no governo federal...", ".. quando iss aconteceu no país Z, trataram de forma mais eficaz e justa..." .

O que você acha? Tudo bem, não precisa responder. Já sei a resposta:"Acho chato! Prefiro falar sobre as putarias dos reality shows do momento". Tudo bem. Mas pense (de novo!) comigo: se é pra falar de putaria, por que não falar da putaria que rola no Congresso Nacional? Ao invés de fazer buscas no Google sobre "quem apanhou do Dado Dolabella hoje", troque seu buscador Google pelo Eco4Planet (que tem o suporte Google, mas com cunho ecológicamente responsável - e útil), e pesquise sobre "o que anda rolando no congresso". Acredite: você encontrará muita sacagem por lá... infelizmente. E também encontrará coisas bacanas... afinal, a gente enxerga aquilo que a gente quer ver...

E eu tenho mais uma notícia para você: estes escândalos e babados fortíssimos que rolam na política brasileira e mundial não são sazonais! Tudo isso rola em tempo real (como os canais pagos que passam as 24h dos reality shows!), e mais do que isso: rolam o ano inteiro! 12 meses ao ano! E não apenas a cada 2 ou 4 anos, como muita gente pensa...
E deste pensamento eu não sou adepta. Na verdade me irrita muito esse comportamento "engajadinho político de ocasião", que lota canais de comunicação e redes sociais com expressões revoltadinhas e vazias. A nossa vida e a vida dos outros, juntas, formam a vida da comunidade e que, quando somadas às das outras comunidades, formam a vida do nosso país, e que somada às vidas dos outros países, formam a vida da humanidade, compondo um banco de dados repleto de notícias chocantes, escândalosas, líricas, fascinantes. E aí? Vai resistir a este babdo fortíssimo até quando?! Pense bem...




domingo, 8 de agosto de 2010

Mar de Almirante


Amor Incondicional. Amor indescritível. Amor como não há igual no mundo. Amor infinito.

Esses são alguns dos adjetivos que já escutei quando o assunto é amor dos pais pelos filhos. Mas e o amor dos filhos pelos pais?! Sobre ele, eu ouço pouco.


Será que a certeza de que o amor que os pais têm por seus filhos é tão grande, tão acima de tudo, faz os filhos pensarem que não precisam retribuir de outra maneira além de simplesmente existirem? Não quero acreditar nisso. Francamente, isso seria muito egocentrismo. O amor que um filho sente por seus pais, e quando eu falar "pais" leia-se "aqueles que criaram com carinho e amor", é tão grandioso quanto o deles. Mas acho que não é tão declarado. O que é uma pena.

quinta-feira, 29 de julho de 2010

Você tem fome de quê?

Você tem fome de quê?

Fome de uma brisa fresca em um dia quente; De um chimarrão ao Pôr-do-Sol; Do abraço apertado de um amigo; Do colo da mamãe; Das lambidas do meu cachorro quando chego cansada em casa; Das ondas do mar refrescando meu corpo; Das folhas secas cobrindo as ruas no Outono; Do tapete de Flores de Ipê na Primavera; De pizza na Sexta-feira de noite; De uma mesa de bar, repleta de amigos, piadas e batata frita com queijo; De viajar nas férias; Fome de matar as saudades dos que estão longe; Fome de jogar Playstation com meu afilhado; Fome de beijos apaixonados; Fome de olhares cruzados; Fome de viver tudo que há de bom nessa vida! E você?! Tem fome de quê?! ############################# Queridos, este texto foi publicado por mim em 26/01/2010, no meu fotolog. Desculpem-me pela repetição, mas, além de ter um carinho imenso por ele, ando meio sem tempo. Porém, não quero deixá-los no limbo do silêncio. Com carinho, Carol Lara.

domingo, 18 de julho de 2010

Quebra-cabeças

Deixar as coisas para depois é sempre um erro. Depois eu arrumo isso, depois eu limpo aquilo. Depois eu ligo para ele, depois eu compro o presente, depois eu leio, depois eu escrevo. E com tantos "depois", a nossa vida fica como? Fica para depois?! Pois nas duas últimas semanas eu me deixei para depois. E tenho a sensação de que venho fazendo isso com frequência. Hoje sinto uma urgência em viver tudo aquilo que deixei para depois que chego a desanimar só em pensar. Alguns fatos relevantes aconteceram neste tempo que estive em silêncio - silêncio é para a fala, mas como se denomina o silêncio para a escrita? - e eu gostaria de ter escrito sobre todos. Mas agora minha mente está tão confusa que receio começar a escrever sobre um fato e terminar falando em outro. Então falarei sobre confusão. Tenho uma mente confusa por natureza. Há poucas pessoas que julgo me entenderem. Poucos desses poucos realmente me entendem. Não raras vezes imponho minha confusão a alguém, na esperança de que esse alguém compreenderá e partilhará minha alucinação momentânea. Não raras vezes fico sem resposta. Mas prefiro o vácuo do limbo ao limbo da solidão. Quando me intitulo "confusa" não é no sentido de não saber o que quero, ou para onde vou, ou quem sou. Não, por favor, não me confunda com um adolescente de 14 anos. Minha confusão é de sensações, percepções, observações. Eu sei o que quero, sei do que preciso. E hoje, um domingo frio, chuvoso e preguiçoso, preciso de um chá. Preciso de um livro, preciso de um momento só. Mas o que eu preciso hoje não é o que eu quero. Eu quero o dia de sol, quero a energia do açaí, quero o movimento das ondas do mar. Não quero um momento só, mas um momento a sós. Eis o que me confunde: o que eu preciso é o contraste do que eu quero. Tenho centenas de idéias e tenho a necessidade expô-las, mas preciso organizá-las antes de desnudá-las, ou corro o risco da superficialidade, da repetitividade. Assim como tenho uma porção de percepções, observações, opiniões sobre as quais só posso discorrer quando me questionarem, ou acabarei rotulada de inconveniente. E nessa linha, nada me descreveria melhor do que o belíssimo texto de Fernando Pessoa: "Tenho pensamentos que, se pudesse revelá-los e fazê-los viver, acrescentariam nova luminosidade às estrelas, nova beleza ao mundo e maior amor ao coração dos homens". Mas, como há o contraste das confusões, isso é o que eu quero. Mas o que eu preciso é de algum terráqueo interessado nesta confusão. Ouço pessoas falarem que a confusão do dia-a-dia nos obriga a postergar aquele telefonema, aquele passeio, aquela decisão. Eu digo que a confusão (não só aquela diária) nos faz postergar a nossa própria existência. E nada é mais desanimador do que isso. Hoje, mais do que nunca, reconheço o valor da organização. Ser organizado é a chave para a felicidade. Duvida? Uma pessoa organizada é capaz de reservar espaços em sua agenda para coisas tão importantes quanto uma reunião de negócios, como por exemplo, reunião com os amigos. Consegue reservar alguns minutos de seu dia para dar atenção a si e aos que julga merecedores do que ela tem de mais precioso: tempo e atenção. Bom, isso é um outro assunto, e desenvolvê-lo deixaria este texto mais confuso do que já o é. Concluo que querer é preciso. Mas é preciso organizar o que se precisa para querer o que se quer. Confundi? Desculpe... Em tempo: "Minha alucinação é suportar o dia-a-dia, meu delírio é a experiência com as coisas reais. Me interessa mais." Belchior Em tempo 2: Fernanda R., muito obrigada pelas palavras de incentivo. Adorei saber que minhas palavras estão transpondo paredes...

segunda-feira, 28 de junho de 2010

Teoria do Abraço

Hoje é meu aniversário. E, com isso, foram incontáveis diálogos univitelinos: "- Parabéns! Muitas felicidades pra você! - Obrigada! Felicidade para NÓS!" Mas no meio disso tudo, o mais importante: foram diversos abraços! E erepletos de singularidades! E como abaraçar é bom! Prefiro mil vezes um abraço apertado e carinhoso, do que um cartão ou um beijo. E que variedade incrível de abraços! Há aqueles mais tímidos, que em que os braços torneiam nosso corpo, macom a leveza de uma seda sobre os ombros. Há os abraços impessoais, dados pela mera formalidade social. Este é aquele em que os corpos mal se tocam, geralmente acompanhados de um aperto de mão frio e mole. Mas há aquele abraço que vale por todas as palavras do dicionário! Aquele abraço que nos faz parecer siamesos, dá um nó na garganta e, em distintas ocasiões, arranca-nos lágrimas dos olhos! Um abraço desses é capaz de nos trazer conforto, paz, segurança, esperança e a certeza de que somos amados. Amados por nossos pais, amados por nossos amigos, por nossos irmãos, amantes... Nos traz a certeza da sinceridade, do amparo, o alívio imediato. E hoje, meu aniversário, imersa em reflexões, concluí que se existe alguma dúvida se estamos no caminho certo, devemos contar quantos abraços "de urso" (popularmente chamados, ainda não encontrei melhor definição)recebemos no dia do nosso aniversário, quando estamos tristes ou nas nossas conquistas. E, ao final deste dia de hoje, completei 20 e poucos anos acompanhados de mais de 35 "abraços de ursos" dados pessoalmente, mais uns 20 dados pelo coração de quem mora longe de mim. Em números arredondados, quase 3 abraços/hora. Feliz é pouco. Estou "rarefeita" ! Obrigada, meus ursinhos! Ich liebe dich!

quarta-feira, 23 de junho de 2010

Letra Maiúscula

Oi! Eu sou a Carol. E eu normalmente não tenho muito tempo para a web. Eu normalmente "ando meio desligada". Mas blogs sempre me intrigaram. Pensei: Por que não?! OK. Foi dificil. Aceitei a idéia. Uma frase começa com uma letra maiúscula e termina com um ponto final. No meio?! A gente coloca idéias... Minha primeira idéia: "Qual o nome do seu blog?" PQP! Que pergunta sacana! Difícil de responder. Tava lendo um livro que falava sobre a leveza do ser... leveza me atrai. Mas não confunda com leviandade! Leveza sim, superficialidade nem pensar! "Nada que é raso me atrai..." Mas essa é uma outra história. Conto outro dia. Voltemos ao título. Química me atrai. Rarefeito é um efeito físico-químico. Sim, é. Mas não vou dar aulas de química aqui. Wikipedia é mais "leve" ao definir este efeito. Vamos à ela: "Algo rarefeito significa pouco denso, que se rarefaz, provém do latim rarefactu. Geralmente o termo é utilizado para demonstrar que algo é tênue, passageiro, transparente. Uma atmosfera rarefeita significa uma atmosfera com baixa pressão atmosférica e com pouca concentração e variedade de gases. Encontrado em grandes altitudes. Ao nível do mar, o ar é pesado, com uma massa estável de 1 kg por metro cúbico. À medida que subimos, a pressão do ar vai diminuindo. Assim, numa altitude de 3 km, a pressão do ar é de somente 700 g por metro cúbico, causando dificuldade de respiração. As maiores altitudes em que vive o homem estão a 4 km de altura e os alpinistas que escalam os picos mais altos (de até 9 km de altura), tem que carregar máscaras de oxigênio para suportar o ar bastante rarefeito. Quanto mais se sobe na atmosfera mais rarefeito fica o ar." Tá explicado, ou melhor, introduzido. Essa foi a "letra maiúscula".